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Modelo híbrido veio para ficar, mas exige nova tecnologia e organização

Por Rodrigo Reis*

A pandemia de covid-19 pegou as empresas despreparadas no início. As medidas de distanciamento social obrigaram a adoção do home office nas relações de trabalho. Entretanto, conforme o tempo foi passando, o que era visto de forma preconceituosa revelou-se uma ferramenta essencial para manter a produtividade e reduzir os custos. Agora, com a possibilidade da vacina no horizonte e uma futura “normalização”, muitas empresas já adotam (ou pensam em adotar) o modelo híbrido de trabalho, em que os colaboradores ficam alguns dias em casa e outros no escritório. Contudo, esse cenário exige adaptação de todos, principalmente em relação à tecnologia e organização.

O trabalho remoto rapidamente foi incorporado tanto por colaboradores e quanto por empresas e, atualmente, já é realidade no país – ainda que a falta de regulamentação jurídica assuste as duas partes em certos casos. Uma pesquisa conduzida pela Robert Half, consultoria de recrutamento, mostra que 86% dos profissionais gostariam de trabalhar remotamente com mais frequência do que antes da pandemia. Além disso, um levantamento da Salesforce, empresa especializada em ferramentas de CRM, indica que mais da metade dos trabalhadores brasileiros (52%) trocaria de emprego se tivessem a oportunidade de trabalhar remotamente.

O modelo híbrido surge como uma possibilidade de unir esses dois mundos: a interação presencial no escritório, principalmente para troca de ideias e reuniões, e a atuação remota no conforto de sua residência para outros processos produtivos. É uma visão tentadora, sem dúvida. Quando bem implementada, é capaz de proporcionar ganho operacional gigantesco ao negócio. Isso inclui, por exemplo, a otimização da produção, com atividades sendo desenvolvidas com mais eficiência, redução de atrasos, maior desenvolvimento de projetos em equipe, economia nas despesas com o escritório, entre outros benefícios.

Entretanto, é preciso tomar alguns cuidados com dois pontos cruciais. O primeiro deles, evidentemente, é a tecnologia. Não se trata apenas de garantir os equipamentos e a conectividade necessária ao colaborador para que ele possa trabalhar de casa (algo realmente importante a ser feito). A empresa precisa garantir uma estrutura completa que permita, entre outras coisas, o compartilhamento de arquivos, a mensuração da produtividade em cada um, o fluxo de trabalho e até coisas mais simples, como as impressões. Nem todos têm uma impressora em casa – e nem todos os documentos podem ser impressos nesses equipamentos. Felizmente, empresas oferecem softwares que facilitam essas questões.

Além disso, o segundo ponto a ser observado é a própria estrutura e mentalidade organizacional. Adotar o modelo híbrido envolve mais elementos do que simplesmente adotar um calendário de trabalho para cada profissional. Primeiro porque esse é um sistema mais flexível na relação entre empresa e colaborador. Ou seja, exige uma nova cultura dentro do local de trabalho, principalmente referente às horas trabalhadas e aos resultados apresentados – cada pessoa tem seu tempo e isso precisa ser levado em consideração. Segundo porque também passa pela necessária reflexão sobre o próprio espaço do escritório. Será que o local precisa de tantas mesas e cadeiras nesse formato? Quantas salas de reunião serão necessárias? As respostas dessas questões levam muitas corporações a repensarem até mesmo o tamanho do prédio onde estão sediadas.

Essas situações certamente serão pensadas e debatidas daqui por diante, com muitas companhias adotando o regime híbrido de trabalho após o sucesso do home office durante a pandemia. Mas isso não significa, evidentemente, que será fácil e pacífico em todos os casos. O importante, contudo, é compreender que o mundo mudou com a pandemia de covid-19. O que servia antes não necessariamente terá valor após a doença. Cabe às empresas se adaptar a este momento e identificar qual regime de trabalho garante a produtividade e rentabilidade necessária em todos os seus processos.

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